Após 50 anos a reitoria da UFSC finalmente será comandada por uma mulher, Roselane Neckel, e por uma vice reitora também, Lúcia Helena Pacheco. A primeira tenho o orgulho de dizer que conheço, não tive aulas com ela, mas seu currículo e talento são indiscutíveis. Em minha colação de grau a Profª Roselane, na época dirigia o CFH, quem melhor discursou, palavras honestas e reais sobre o que pudíamos esperar do futuro como estudantes do passado.
"Nunca antes na História deste país" uma mulher representou nossa Nação. Para a classe feminina (e para o Brasil) uma vitória, e na minha opinião estamos sim sendo muito bem representados.
Mas ainda existem inúmeras outras mulheres que desempenham grandes papéis na sociedade. Junto com tanta competência e em escala proporcional caminham juntos o preconceito e machismo.
Se ocupamos um cargo de chefia ou de confiança é porque algum "favor" sexual foi prestado ou temos um "padrinho" na empresa. Possuímos o mesmo grau de instrução e ocupamos o mesmo cargo que o colega, mas o salário feminino é mais baixo. Algumas empresas não contratam mulheres (mesmo sendo contra lei designar gênero para funções) porque faltam muito: estão com dor devido a TPM, estão grávidas e precisam ir ao médico, estão de licença maternidade, o filho está doente, tem reunião na escola do filho entre outros motivos para não ir trabalhar.
Numa cultura descendente das cavernas, desempenhamos o papel de matriarca, cuidando da prole e do lar. Dizer hoje que se é do lar é quase apresentar um atestado de desocupada, o que interessa mesmo é o Dólar para poder custear as despesas familiares. A função dona de casa é classificada como hobby, mas para quem a pratica: dupla jornada de trabalho, sem remuneração é claro, faz-se por amor, praticamente um serviço voluntário. Sem o reconhecimento de se estar fazendo o bem ao próximo, mesmo o próximo sendo a própria família.
Além de funcionária, mãe, dona de casa atribuem-se ainda alguns outros cargos: amante sensual e sempre disponível, amiga excelente ouvinte, companheira incansável, contadora e economista das despesas familiares, psicóloga nada crítica e por aí vai....
O que quero desse desabafo é concluir que nada podemos fazer, se queremos reconhecimento temos que continuar fazendo tudo isso e mais um pouco. Hoje, na minha mais humilde opinião, ser mulher é levantar as 06:00, tomar banho, arrumar o cabelo, se maquiar, equilibrar-se num salto alto, disponibilizar um lindo sorriso no rosto e ir para o batente.
O reconhecimento virá, mesmo que leve 50 ou 500 anos, nesta ou nas próximas gerações. O que não se pode fazer é descer do salto e esquecer o batom, e não faremos novamente uma fogueira de sutiãs porque temos consciência ecológica.
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